A chegada de uma nova criança traz mudanças extremas e desafios para os relacionamentos no sistema familiar.
Tornar-se pais, apresenta características peculiares e comuns em todas as famílias que têm filhos pequenos. Seja uma criança por vez, nascimentos múltiplos ou próximos, é sempre desafiador. Filhos são filhos, independente de ser biológico, adotivo ou de relacionamento anterior.
A chegada de uma nova criança traz mudanças extremas e desafios para os relacionamentos no sistema familiar. Modifica o equilíbrio entre o trabalho, amizades, vínculos entre irmãos e pais. Além disso, conciliar diferentes estilos de educar as crianças é um dos motivos que mais levam os casais a entrarem em conflitos de opiniões.
Um casal sem crianças parece sofrer poucas mudanças, conseguem manter seus relacionamentos e interesses de solteiro. Já um casal com filhos enfrentam o mundo real, perguntando-se:
– Como sustentar financeiramente a família?;
– Quem cuida ou a quem confiar o filho se ambos trabalham?;
– Dialogar ou dar tapas se o filho desobedecer?;
– Liberar eletrônicos ou não?;
– Ter horário para dormir ou ser mais flexível?;
– Pode comer isso ou aquilo?;
– Quem ajuda com as tarefas escolares?;
– Estilo mais permissivo ou disciplinador?.
O encontro de duas pessoas é também o encontro de duas histórias, ou seja, duas famílias. Cada um dos progenitores vem de um tipo de educação, receberam valores e viveram maneiras diferentes de manejo de situações em suas famílias de origens. Então, será natural divergirem na hora de educar. No entanto, se faz necessário que esse casal consiga chegar a alguns acordos e negociações, para seguir avançando no ciclo de vida familiar.
A presença de uma criança, muitas vezes, impede que os pais tenham tempo suficiente para discutir detalhes importantes e ajustar as melhores maneiras de conduzir a vida em família. A falta de privacidade e preocupações excessivas deixa o casal com menos disponibilidade um para o outro, inclusive a intimidade sexual fica reduzida. Gerando por vezes, a sensação de uma das partes sentir-se ignorado ou isolado. É importante, atentar para não cair nesse aspecto, pois afinal tenho certeza que há o desejo de ambos tomarem as melhores decisões na educação da prole.
Vamos a algumas recomendações para lidar com as divergências que se atravessam pelo caminho:
– Não discutam ou evitem ao máximo discutir na frente das crianças;
– Reservem um momento oportuno para dialogar;
– Não desautorize um ao outro perante as crianças, ela pode ficar confusa ou desorientada, adotando um comportamento de manipular o ambiente;
– As pessoas não concordam sempre um com o outro;
– Diferenças são inerentes das relações humanas, mas respeite a opinião do outro;
– Encontrem um meio termo, escute o ponto de vista e fale do seu;
– Trabalhem como equipe, não individualmente;
– Estabeleçam algumas regras para uma boa convivência em família;
– Construam planos e estratégias e não tenham receio de fazer recombinações quando algo não funcionar bem;
– Quando não tiverem uma decisão do casal, diante de algumas situações ou impasses, evitem dizer à criança: “mamãe quer, mas papai não quer”.
Lembre-se que, buscar ajuda psicológica pode ser interessante, quando o assunto é famílias com filhos pequenos. Realmente são esperados muitos desafios que, por vezes, precisam ser manejados com a ajuda de um especialista na área. Educar filhos não vem com manual de instrução, cada momento é único e merece atenção especial. Ok!?
Alessandra M. G. Trentin
Psicóloga CRP07/14095
Especializada em Terapia Sistêmica familiar, casal e individual