Aventuras

O dia que eu achei que chegaria na Áustria de bicicleta

Enquanto esperávamos o processo da cidadania ficar pronto, e estávamos em férias do curso de italiano aproveitando os dias de sol, o que vamos fazer? A gente poderia ir de bicicleta até a Áustria não é?

Enquanto esperávamos o processo da cidadania ficar pronto, e estávamos em férias do curso de italiano aproveitando os dias de sol, o que vamos fazer? A gente poderia ir de bicicleta até a Áustria não é?

Só vou levar o básico

Formamos o time: Tainara, Aline, Adriana e eu. Mas decidimos que faríamos antes um pequeno teste, iríamos até a comune de Feltre, que se localizava ha uns 45 quilômetros de Bassano del Grappa. Se tudo desse certo e ninguém sofresse um ataque cardíaco, seguiríamos o caminho completo até a Áustria na próxima semana.

De Carro parece tranquilo

A idéia tinha tudo para dar certo, ir com nossas bicicicletinhas entre os vales italianos que protagonizaram tantas batalhas durante a Primeira Guerra Mundial, passar pelos lagos verde esmeralda, piqueniques pelas pequenas vilas ao caminho. Na nossa mente teríamos pessoas jogando pétalas de rosas das janelas ao nos verem passando, digno de um quadro do Rococó.

Campolongo Sul Brenta  –  Valstagna

É claro que nosso plano deu tudo errado a começar pelas bicicletas. Alugamos as mais baratas que estavam disponíveis, e eu juro que essas bicicletas assim como os vales, também participaram da Primeira Guerra. A minha por exemplo não tinha nem marchas.

A tal bicicleta

Compramos os mantimentos no mercado Prix e já deu uns 5 quilos a mais cada mochila. Acrescente 3 sacos de dormir (a Aline não quis comprar um), mais a barraca, mais um colchão térmico, e muitas garrafas de água tudo nas nossas costas.

Eu estava com uma gripe absurda aquelas que a gente não consegue nem pronunciar as consoantes das palavras corretamente. Não vou nem adentrar nas cólicas que uma das meninas estava sentindo e se assemelhavam a dores de parto de um tiranossauro.

Na noite anterior a partimos para a aventura achamos que seria sensato irmos a um barzinho e termos apenas 3 horas de sono. É claro que a gente nunca chegou a Feltre, quiçá a Áustria. Mas mesmo assim descobrimos um camping incrível na comune de Arsié, 10 quilômetros antes do nosso destino final.

Primeira parada: Valstagna

Acho que Valstagna é uma das minhas cidades preferidas da Itália, todo mundo fica louco quando eu digo isso, pois não tem nada para fazer lá, realmente. Mas a cidade é tão linda que não consigo explicar. Ela fica entre as montanhas, cortada pelo rio Brenta. As casinhas são todas de pedra decorada com flores nas janelas, e se você der uma caminhada vai ver diversas construções com placas de acontecimentos da Primeira Guerra Mundial. Você também pode fazer rafting pelo Brenta por aproximadamente 30 euros.

Segunda parada: Oliero

Oliero é um vilarejo, ficamos numa prainha próxima ao rio Brenta para almoçar. Pode-se visitar uma gruta natural, a Grotta di Oliero, localizada na província de Vicenza.

Chegando em Oliero, nao visitamos a gruta.

Cismon del Grappa

Outra cidade pequena no coração do vêneto. Se localiza entre paredões de pedra que no inverno são pincelados de branco pela neve. Eu jamais teria visitado esse lugar incrível se não fosse por isso. Aqui tem algumas pequenas osterias que você pode parar para comer. As pessoas são muito simpáticas, precisávamos encher nossas garrafas de água e paramos numa casa com um senhor que trabalhava na horta. Ele prontamente nos convidou para entrar, apresentou a mulher e a filha. Ficaram maravilhados com nossa inocência que chegaríamos a Feltre.

Strada della Rocca

Aqui começa outro perrengue, imagine um paredão de pedra, que a estrada o circula. E agora imagine que essa estrada está numa inclinação de quase 90 graus. Tá não é tudo isso. Mas ela parece não ter fim. Aí você sobe, com a bici e o mochilão. Foi necessário quase 1 hora para subí-la.

Por motivos de cansaço extremo esquecemos de fotografar a estrada.

Algum lago ao caminho que nos perdemos e não sabemos o nome (?)

Logo após Strada della Rocca, entramos a esquerda numa estradinha de chão. Chegamos a uma represa! O lugar era lindo e a estrada continuava por túneis na pedra. Levamos um advertência do senhor que acreditamos ser o guarda do local. De volta ao percurso certo.

Arsié

Agora já estávamos na província de Belluno, era domingo. Chegamos a uma vendinha para comprar pão, e a senhora dona do local estava na missa. É uma cidade muito parecida com o interior do Rio Grande do Sul. Os velhinhos jogavam cartas na bodega enquanto as senhoras estavam na missa dominical.

Camping Gaiole di Turra e Lago di Corlo

Encontramos dois campings pelo caminho, o Village Lago Arsié que estava bem cheio, então seguimos mais a frente até o Camping Gaiole di Turra. Ele fica nas margens do Lago di Corlo, é bem frio a noite. Pagamos uma taxa de 20 euros pelo grupo, que incluía acesso aos banheiros. Montamos nossa barraca próximo as árvores e fomos conhecer o lugar.

O lago di Corlo tem sua água que vem do degelo, então calcule o frio. Vamos entrar, claro que vamos. Mas só eu e a Tainara tivemos coragem. O local parece uma pintura bucólica com as igrejas enquadradas pelas montanhas e rodeadas pelo lago.

Dicas:

  • Não leve muito peso na mochila, na Strada della Rocca você vai entender o peso daquela blusinha a mais.
  • Leve saco de dormir: não subestime o frio, mesmo no verão.
  • Não tínhamos eletricidade devido um problema na rede, leve carregadores extras. E esqueça internet.
  • As estradas são muito bem sinalizadas, e os motoristas respeitam os ciclistas. Você vai encontrar muitos pelo caminho, aproveite e puxe um papo. Conhecemos um casal que vinha da Holanda fazer aquele trecho, inclusive nos ajudaram com um pneu furado na volta.
  • Leve material para consertar sua bicicleta: chaves, e remendos extra.
  • Faça muitas fotos! smile

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